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Depósitos a prazo em Portugal

Taxa de juro média dos novos depósitos é três vezes superior à espanhola mas…

…não passa dos 0,20%! De facto, a taxa de juro média de novos depósitos a prazo constituídos ao longo do mês de agosto de 2018 foi de 0,20% (0,22% em julho de 2018) enquanto que em Espanha não passou dos 0,07%, praticamente um terço da portuguesa. Destaca-se que esta taxa diz respeito a depósitos novos e a mais de um ano, de famílias e empresas. A verdade é que estamos perante taxas marginais muito próximas de zero ainda que as médias escondam as melhores taxas de juro presentes no mercado.

Bem mais “encorpadas” são as taxas de juro ativas, ou seja, as que remuneram os bancos quando estes emprestam dinheiro a particulares e empresas. No mesmo boletim referente a agosto de 2018, o Banco Central Europeu informou que a taxa de juro média de novos depósitos, às empresas, com um prazo de até 1 ano, atingiu os 2,33% (2,37% em julho de 2018). Esta taxa foi significativamente superior à pratica, no mesmo mês e nas mesmas condições, em Espanha e na Alemanha, respetivamente 1,83% e 1,05%.

Para o conjunto total de crédito novo às empresas (independentemente do prazo) a taxa média foi praticamente igual: 2,35%. Ainda assim, restringindo o cálculo da média a empréstimos de até €250.000, a taxa de juro foi mais alta, 3,11% e está a subir (tinha sido de 3,03% em julho). Nos crédito acima de €1 milhões foi de apenas 1,81% registando uma queda significativa já que em julho havia sido de 2,04%.

Em termos globais, comparando taxas de juro passivas (as dos depósitos) com as ativas, e limitando a análise aos novos contratos de aforro e de crédito, a diferença em favor dos bancos foi de 2,13 pontos percentuais, ou, se preferirem, 213 pontos base.

As empresas em Portugal, apesar de pagarem taxas de juro mais baixas do que há alguns anos, continua a ter de suportar taxas médias acima da média da Zona Euro, persistindo, por esta via, uma desvantagem competitiva.

Depósitos de particulares aceleram ritmo de crescimento

Com os dados hoje divulgados pelo Banco de Portugal relativos a depósitos, verifica-se que a taxa de crescimento homólogo dos depósitos de particulares atingiu o valor mensal mais elevado de 2013 no último mês agora divulgado. O valor total em depósitos era em novembro de €132872 milhões (€161766 milhões se somados os depósitos de sociedades não financeiras) destes €102786 milhões eram depósitos a prazo clássicos (o restante montante eram essencialmente responsabilidades à vista (depósitos à ordem).

Na realidade, comparando novembro de 2013 com igual mês do ano anterior, constata-se que o total de depósitos de particulares aumentou cerca de 2%. Uma perspetiva histórica algo grosseira pode-nos levar a constatar, contudo, quão longe estes valores andam da taxas de variação homóloga média para os saldos de depósitos. No entanto, se atendermos ao  baixo nível de preço corrente (a inflação está claramente vários pontos percentuais abiaxa da média deste perido representado graficamente) temos de concluir que os valores agora apurados não são historicamente tão diminutos quanto uma primeira leitura poderia induzir. Deixamos, de momento, para algum leitor que queira treinar as suas competências estatísticas depurar o gráfico que apresentamos do efeito preço.

Depósitos a Prazo de Particulares - Saldos - Taxas de variação Homólgoas

Entre as empresas a erosão da reserva financeira colocada em depósitos voltou a aprofundar-se em novembro com nova quebra homóloga dos depósitos ligeiramente inferior a 6% ainda assim bastante inferior à media das últimas 12 taxas de variação homólogas que superou os 11%. As empresas continuam a contrair os depósitos mas a um ritmo mais lento do que se registava no final de 2012, início de 2013. Em novembro as sociedades não financeiras tinham €28894 milhões em depósitos deste valro quase metade eram responsabildiades à vista (depósitos à ordem – €13479 milhões).

Uma outra nota que se extrai dos dados hoje divulgados é a ligeira redução nominal das taxas de juro de depósitos a prazo oferecidos a particulares pelas instituições financeiras. Por exemplo, os novos depósitos até um ano viram a taxa média descer entre outubro e novembro de 1,96% para 1,92% (todas as taxas seguintes são TANB) enquanto, no mesmo período e para os mesmo prazos, a remuneração oferecida às empresas aumentava de 1,24% para 1,36%. Ainda assim o diferencial favorável aos particualres manteve-se elevado. Já a taxa média dos saldos de depósitos de particulares a mais de 2 anos manteve-se estável nos 3,11% tendo descido ligeiramente para os saldos de depósitos até 2 anos (de 2,3% em outubro para 2,27% em novembro).  Para as empresas, as taxas de juros do acumulado dos depósitos (saldos) até 2 anos desceu ligeiramente de 2,03% para 1,99% enquanto que para depósitos além dos dois anos subiu marginalmente de 3,04% para 3,05%. Note-se como para depósitos de médio prazo o diferencial de taxas oferecidas pela banca entre os depósitos de particulares e empresas praticamente não existe.