As taxas de juro dos depósitos vão subir ou vão descer? Saber responder corretamente à pergunta vale dinheiro. Mas a resposta é complexa e condicionada pelas circunstâncias de cada momento histórico.
Se considerarmos as taxas indexantes do mercado interbancários como referencial para o que vai acontecer em 2014 às taxas de juro dos depósitos a prazo, as últimas semanas revelam uma inversão de tendência. Ou seja, as taxas euribor têm vindo a subir de forma muito lenta mas sucessiva nos seus váriso prazos. A decisão recente do BCE em descer as suas taxas diretoras parece ter sido encarada pelos mercados financeiros como uma “bateu no fundo” esperando que de ora em diante o rumo seja o de subida suave. Note-se porem, que esta evolução não tem tido (ainda?) qualquer reflexo nesse sentido nas taxas de juro de depósitos a rpazo que temos acompanhado.
Mas as contas não são simples. Desde logo é preciso recordar que a atitude do BCE prendeu-se com o receio de se poder estar na iminência de um processo de deflação na zona euro. Um processo indesejável e de consequências incertas que poderia conduzir a um cenário de contração económica induzido pela permanente “certeza” de que os preços estariam continuamente a descer.
Nas declarações mais recentes, tal cenário foi descartado como um risco sério pelo BCE ainda que em países como a Grécia e, com menor amplitude, Portugal, a deflação tenha de facto sido confirmada com os últimos dados mensais do índice de preços do consumidor (variações homólogas).
Se o risco de deflação for real e ameaçar concretizar-se, a pressão para uma estagnação ou redução das taxas de juros nominais dos depósitos a prazo poderá manter-se como até aqui: juros nominais em queda mas ainda com algum ganho em termos reais. Afinal, se os preços descerem, pagar juros mesmo que a taxas historicamente baixas poderá representar estar a pagar taxas de juro reais elevadas. A pergunta seguinte será a de saber que investimentos os bancos encontrarão para garantir um retorno suficientemente alto para remunerar depósitos com taxas reais positivas e ainda obter margem para sustentar a sua atividade, isto em pleno cenário de deflação ou mesmo “apenas” de subida muito ligeira de preços.
A ameaça de se estar a caminhar para novas bolhas financeiras em torno de ativo de alto risco e elevada remuneração é real. Para já, as revervas de poupança parece estar a ser canalizadas para obrigações de alto risco, para os mercados acionistas, para empréstimos às empresas (mas de curto prazo) e para… liquidez, muitas pilhas de notas paradas nos balanços/cofres dos bancos.
Em que ficamos? Os juros dos depósitos vão subir ou descer? Prever a 12 meses uma variável como esta completamente dominada pelo que vier a ser o desempenho económico global continua a ser tarefa difícil. Com a informação disponível diriamos que o cenário mais provável é o de uma variação muito moderada (seja ela de sentido ascendente ou descendente) das taxas de juro reais durante o ano de 2014, em Portugal.