Três décimas foi quanto subiu a média da taxa de juro de novos para prazos superiores a 1 ano oferecida pelos bancos a operar em Portugal e empresas não financeiras e a particulares, entre o mês de abril e o mês de maio de 2017.
A média da taxa de juro desses novos depósitos a mais de um ano fixou-se, assim, nos 0,48%, ligeiramente acima dos 0,41% praticados na Alemanha e claramente acima dos 0,15% oferecidos em Espanha.
Segundo estes dados agora divulgados pelo BCE o diferencial entre as taxas de juro de novos depósitos e as taxas de juro de novos empréstimos (cálculos do Gabinete de Estudos Económicos do Ministério da Economia) foi, em maio de 2017, de 2,25% . Ou seja, o diferencial entre as taxas de juro ativos e as taxas de juro passivas foi de 225 pontos base, nos novos contratos de crédito e de depósitos. Uma margem muito interessante para qualquer instituição bancária.
Essa mesma margem, e no mesmo período, em Espanha foi de 191 pontos base, enquanto que na Alemanha foi de apenas 83.
Se os bancos em Portugal têm maior margem para fazer lucro nas novas operações, as empresas têm juros mais altos para suportar enquanto investem. Para os aforradores a situação não é tão dispare face à maior economia da União Europeia. E mesmo face ao nosso parceiro comercial, a distância é de apenas 33 pontos base.
O gráfico em baixo, divulgado pelo GEE no seu Boletim Informativo, permite verificar que após vários anos de queda acentuada das taxas de juro dos depósitos a prazo, o último ano trouxe alguns momentos de recuperação e agora aquilo que parece ser uma estabilização das taxas.
Note-se que a inflação (em Portugal e na Zona Euro), depois de alguns meses de maior exuberância parece novamente dar sinal de que se manterá distante da meta dos 2% do BCE mas tem resistido acima de 1%. Por outro lado, a atividade económica tem vindo a ganhar vigor. A conjugação destes dois aspetos, juntamente com a necessidade de ainda haverá vários países e bancos a lidar com o lastro histórico da última grande crise, oferece indicadores mistos que poderão contribuir para que a atual situação permaneça relativamente indefinida ou estável em torno do atual patamar de juros durante os próximos meses, pelo menos.
Vale a pena ler ainda o artigo “Juro pedido às empresas em novos empréstimos em queda – maio 2017” que revela que, apesar do diferencial ser ainda elevado, a situação, mesmo para as empresas, parece estar a melhorar quanto ao custo do crédito bancário.