A Euribor é o preço que os bancos quando emprestam dinheiro entre si colocam nesse mesmo dinheiro que circula entre eles e, como tal, entre os factores determinantes para o seu preço está a lei da procura e da oferta. Se há muitos bancos interessados em pedir dinheiro emprestado e poucos disponíveis a emprestá-lo ou se, por outras palavras, os montantes de crédito desejado superarem os montantes de aforro disponíveis é natural que o preço do dinheiro suba e vice-versa. Ora o que estará a acontecer pela primeira vez em cerca de dois anos (o Jornal de Negócios fez as contas) as taxas de juro euribor (em particular a taxa a 3 meses) estão a superar a taxa diretora do banco central europeu (BCE) ou, mais corretamente, estão a antecipar que a taxa do BCE bateu no fundo e que daqui para a frente a tendência será de esta subir, mais cedo ou mais tarde.
A juntar a esta perceção por parte do que o BCE irá fazer estarão também as condições do mercado interbancário (o tal onde os bancos emprestam dinheiro uns aos outros). Neste mercado estaremos a constatar uma escassez de dinheiro disponível (ou numa linguagem à banqueiro central face ao momento atual, uma “redução do excesso de liquidez”, sendo a liquidez o dinheiro) que estará a “puxar” o preço (a Euribor) para cima. O que se deve sublinhar por estes dias não é tanto um movimento fundamental e robusto mas antes um indício, que poderá muito bem ser o primeiro de que a subida das Euribor terá sustentação ao longo dos próximos meses, em particular à medida que os bancos forem pagando os empréstimos que contrairam há cerca de dois anos (no auge da crise bancária) junto do BCE. Se o pagamento destes empréstimos continuar a bom ritmo, se o BCE continuar a afirmar que não vê necessidade de os renovar em grande escala, se a economia não reentrar em recessão (quase nenhuma instituição internacional com estudos macroeconómico o espera neste momento) e se não se descobrirem surpresas demasiado desagradáveis nos testes de stress à banca europeia a realizar dentro de alguns meses, é bem provável que o ciclo de subida progressiva e continuada das euribor já se tenha iniciado e com isso, possamos em breve começar a assistir a uma subida mitigada das taxas de juro dos depósitos a prazo e, claro, aí de forma imediata e total, dos créditos a elas indexado.
Ainda assim continuamos a viver numa conjuntura de particular incerteza onde se começa a projetar a redução dos incentivos económicos nos EUA (em virtude de um melhor desempenho económico), onde o desempenho das economias emergentes não deverá ser tão dinâmico nos próximos anos podendo ter efeitos importantes no resto do mundo e onde na Europa se oscila entre a ameaça da deflação e a pressão da economia mais poderosa, sempre receosa e contrária ao intervencionismo moderador do BCE.