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Poupança e depósitos

Há mais de 40 depósitos que pagam o dobro ou mais do que a inflação em junho de 2013

Se considerarmos a taxa anual nominal bruta identificamos mais de 40 depósitos a prazo (da lista de 308 que acompanhamos) que em junho pagam o dobro ou mais do que a taxa de inflação apurada no início do corrente mês (1,6%).

Se descontarmos os impostos (em particular a taxa liberatória de IRS), a listagem a cumprir esta fasquia reduz-se a dois depósitos a prazo. Por outro lado, se nos satisfizermos com a taxa anual líquida de impostos que paga mais do que a taxa de inflação mais recente, então identificamos 145 depósitos que, pelo menos, conseguem garantir que não há perda de poder de compra.

Este é um exercício simplista pois sublinha-se que na listagem temos depósitos para as mais variadas maturidades, contudo, é simbólico de como apesar da continuada descida das taxas de juro nos depósitos a prazo, pelo facto de estar também a ocorrer uma rápida redução do ritmo a que sobem os preços (subirão sequer em 2013?), o investimento em depósitos a prazo não está a perder a interesse caso o investidor seja estritamente racional. Ou seja, se descontar à alternativa de poder deixar o dinheiro no colchão, o valor que esse dinheiro imobilizado perde (em termos de capacidade aquisitiva) por efeito do encarecimento habitual dos preços.

Uma última nota para destacar que os certificados de aforro (novas subscrições) já aparecem a meio desta tabela restrita dos melhores depósitos a prazo, ao pagarem, brutos, 3,170% durante o mês de junho.

Poupança e depósitos

Depósitos com taxas de 0,7% na iminência de oferecerem ganhos reais positivos em 2013

Na sequência de mais uma descida das taxas diretoras do Banco Central Europeu (BCE) decididas recentemente e em virtude do atual presidente do BCE continuar a afirmar disponibilidade para descer mais as referidas taxas (chegando a admitir que a taxa de depósito dos bancos junto do BCE possa vir a ser negativa em termos nominais – é de 0% neste momento) as taxas de juro fixadas pelo mercado interbancário – as Euribor – tem vindo repetidamente a bater mínimos históricos.

Como é sabido, até pelo mecanismo de penalização de taxas de juro de depósitos a prazo fixado pelo Banco de Portugal,* a remuneração dos depósitos que são apresentados às famílias e às empresas reage de forma alinhada às subidas e descidas da Euribor pelo que a pressão para descidas futuras das taxas de juro pela via do indexante estão a aumentar. Isto não quer contudo dizer que, no caso português, os depósitos estejam a perder interesse em termos de capacidade de oferecer uma valorização real da poupança feita. Porquê? Como aqui já dissemos, a inflação representa um papel fundamental nestas contas. Se a inflação descer numa ordem de grandeza comparável à descida da taxa de juro que é paga pelo depósito este, no final do prazo, terá garantido o mesmo valor que tinha inicialmente, ou seja, face ao passado, terá conseguido evitar a perda do imposto silencioso que é a inflação em termos de perda de poder de compra.

Se a inflação diminuir a um ritmo mais acelerado do que aquele a que estão a diminuir as taxas de juro, então, o depósito a prazo pode inclusive oferecer um aumento do poder de compra quando se compara o momento de início e de fim do referido depósito.

O que está a acontecer agora?

Como já indicámos anteriormente, face a 2012, os depósitos a prazo têm vindo a aumentar a sua taxa de juro real (taxa de juro nominal menos inflação) precisamente por via de uma queda muito rápida da inflação. Este cenário vai manter-se? Bom, sendo certo que devemos esperar descidas da taxa de juro, também é certo que as revisões feitas à taxa de inflação prevista para Portugal no final de 2013 não têm parado de ser feitas em baixa. No recentemente apresentado Documento de Estratégia Orçamental, por exemplo, o deflator do consumo privado que tipicamente se aproxima da taxa de inflação foi apresentado como perspetivando um aumento dos preços para 2013 de apenas 0,5% o que indicia que os ganhos reais oferecidos pela generalidade dos atuais depósitos a prazo deverão manter-se, pelo menos quando comparados com o passado recente.

A confirmar-se uma taxa de inflação em 2013 de 0,5%, qualquer depósito que remunere a uma TANB igual ou superior a 0,7% garantirá um ganho de poder de compra ao investidor.

 

*Este mecanismo, grosso modo penaliza os bancos por todos os depósitos cuja remuneração supere em mais de 3 pontos percentuais a taxa do indexante para um prazo comparável (tipicamente a Euribor).

Depósitos por valor investido

Depósitos com TANB acima dos 0,84% já podem oferecer ganho real em 2013

Segundo a previsão mais recente da Comissão Europeia a taxa de inflação em Portugal no corrente ano poderá não ir além dos 0,6%, um valor abaixo dos 0,9% previstos pelso governo ou pelo Banco de Portugal (0,9%). Sabemos assim que, em média, para conseguirmos comprar um mesmo cabaz de bens e serviços que adquiriamos por €100 no início do ano, precisaremos de ter €100,60 se quiseremos adquirir no início de 2014, isto a confirmar-se a previsão. Recorde-se que em 2012 a taxa de inflação foi de 2,8%

Uma inflação de 0,6% será o segundo valor mais baixo desde que há registos (tivemos pontualmente deflação ou descida de preços em 2009) e tem uma consequência direta na remuneração real dos depósitos a prazo.

Para apurarmos a taxa de juro real (a que mede o ganho de poder de compra) deveremos sempre descontar à taxa de juro anual nominal bruta os impostos mas também a expectativa de crescimento de preços. Ora quanto à inflação, se em 2012 à TANB deveriamos ter descontado algo como 2,8% (a inflação que se veio a verificar) em 2013 “bastará” descontar 0,6% o que conduzirá a que, se as taxas de juro  (TANB) se mantivessem, váriso depósitos a prazo passariam a oferecer um ganho real de poder de compra, algo que era raro em 2012.

Assim, neste momento, com a informação disponível, qualquer depósito a prazo que ofereça uma TANB acima dos 0,84% deverá permitir combater o efeito de inflação ou mesmo permitir um ganho real significativo. Em 2012 só taxas acima de 3,89% terão garantido tal resultado.

Um depósito com TANB de 3,5% em 2012 ofereceria um ganho real negativo de cerca de 0,28% (descontado o IRS e a inflação). Em 2013, a confirmar-se a inflação de 0,6%, um depósito com igual taxa oferecerá um ganho real de 1,92%.

E assim, mesmo com as taxas de juro dos depósitos a prazo em queda (agora mais moderada) constata-se que em termos reais, em 2013 poderão de facto estar a tornar-se mais interessantes para quem procura algum ganho real com baixo risco.

Previsão de inflação para 2013 exige TANB de 1,39% nos depósitos para que se mantenha o poder de compra

A nossa página dedicada às previsões macroeconómicas e, em particular, à evolução da inflação foi atualizada com os cenários mais recentes do Banco de Portugal e da Comissão Europeia. Para 2013, em concreto parece haver consenso quanto ao facto de a inflação não dever superar 1% o que poderá fazer “regressar” um número mais apreciável de depósitos a prazo a rentabilidades reais positivas. Assumindo que a taxa liberatória de IRS de 28% será aprovada com o Orçamento do Estado de 2013, para que um depósito a prazo ofereça uma Taxa Anual Nominal Líquida (TANL) igual ou superior à taxa de inflação prevista (ou seja uma taxa de juro depois de abatidos os impostos), terá de oferecer de Taxa Anual Nominal Bruta (TANB) um valor de 1,39%.

Em breve destacaremos aqui, num artigo específico, todos os depósitos a um ano que oferecem pelo menos a manutenção do poder de compra, ou seja, pelo menos 1,39% de TANB, à data atual.