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Poupança e depósitos

Cerca de 83% dos depósitos a prazo pagam mais do que a inflação prevista

Com a difusão ontem de uma previsão atualizada para a inflação em 2014 feita pelo Banco de Portugal, fomos consultar a nossa base de dados com os melhores depósitos a prazo em oferta em março com vista a identificar  os que oferceme mais do que aquilo que a evolução dos preços levará. Atendendo a que o Banco de Portugal estima que 2014 tenhamos o segundo valor mais baixo para a inflação em dezenas de anos (em 2009 os preços diminuiram 0,9%), constatámos que 241 dos 292 depósitos a prazo que acompanhamos oferecem um retorno depois de impostos de pelo menos 0,5% (a inflação prevista), ou seja, cerca de 83% dos depósitos que analisamos garantem, pelo menos, a manutenção do poder de compra.

Sendo certo que as taxas de juro dos depósitos a prazo estão em queda e que, em termos nominais, se aproximam de valores historicamente baixos, em termos reais ainda oferecem um valor significativo. Em média, o ganho real do stock de depósitos a prazo feitos por particulares estará a pagar cerca de 1,5 pontos percentuais acima da taxa de inflação prevista e os melhores depósitos pagam um excedente igual ou ligeiramente superior a 2 pontos percentuais.

Ficará a revisão da taxa de inflação para 2014 por aqui? Não sabemos, mas, para já, a variação homóloga do último mês aponta para uma inflação aindam ais baixa. Para que tal perspetiva não se confirme, em algum momento dos meses que faltam até ao final de 2014, os preços terão de entrar num padrão de aceleração. Pos enquanto, continuam a desacelerar. Para descobrir quais os melhores depósitos a prazo em termos de taxas de juro visite a nossa página com as atualizações mais recentes.

Há mais de 200 depósitos que pagam acima da inflação registada em 2013

Mais de 200 depósitos que pagam acima da inflação, quais?

Um diário de grande circulação [Correio da Manhã] faz hoje manchete com a frase “Depósitos perdem dinheiro” rematada com o subtítulo “Bancos oferecem juros abaixo de 1%” e ainda com a chamada “Taxas perto de zero com rendimento inferior à inflação”. Não tendo adquirido o dito jornal para verificar os argumentos, fomos contudo confrontar a nossa base de dados com estas afirmações.

Constatámos que a 7 de janeiro de 2014, dos 289 depósitos analisados, 276 pagavam, em termos líquidos, mais do que a taxa de inflação registada em 2013 (0,3%), 209 pagavam mais do que a taxa de inflação esperada para 2014 (0,8%) e que  176 pagavam mais do que 1%, repetimos, em termos líquidos (mais do que 1,4% em termos brutos).

Há ainda 42 depósitos que pagavam mais de 2% em termos líquidos e sete a pagar acima dos 2,5%.

Como já aqui referimos, é inegável que as taxas de juros dos depósitos a prazo têm vindo a descer ao longo do ano em termos nominais, mas é também verdade que a taxa de inflação desceu mais depressa o que, na prática, levou a que, neste início de 2014, os depósitos a prazo estejam, em média, a remunerar, em termos reais (os que verdadeiramente interessam ao aforrador) muito acima do que pagavam há uma ano ou um ano e meio. Recordamos a nossa peça: “Taxas de juro de depósitos a prazo afinal estão a aumentar

Estranha manchete. Em fevereiro atualizaremos a nossa base de dados antecipando algumas descidas ligeiras nas taxas de juro que têm vindo a estabilizar nos últimos meses.

Recomendamos ainda:

É dificil encontrar um depósito que pague menos do que a inflação

Qual a atual relação das taxas de juro dos depósitos e a inflação? Neste início de 2014 é difícil encontrar um depósito a prazo que não consiga, pelo menos, garantir que o aforrador mantenha o poder de compra. Sabe-se agora que a inflação em 2013 terminou nos 0,27%, ou seja, ao longo do ano, o cabaz de compras médio analisado pelo INE aumentou de custo em 27 cêntimos por cada €100. Praticamente não houve inflação em 2013. Por outras palavras, neste cabaz teórico, os aumentos de algumas classes de produtos e serviços foram quase integralmente compensados pelas descidas em outros. E para 2014 as previsões apontam para uma inflação muito baixa, inferior a 1%.

Ora se tomarmos por referênia a inflação agora apurada de 0,27% e confrontarmos essa medida da desvalorização do dinheiro com as taxas de juro que hoje se obtêm na generalidade dos depósitos, constata-se que muito poucos (22 em 291 depósitos) remuneram abaixo dos 0,375% (ou seja, dos 0,27% da inflação mais a taxa liberatória de IRS – 28% –  que recai sobre os juros).
E mesmo assumindo que os preços cresçam, em 2014, os 0,8% agora previstos (pelo Banco de Portugal, por exemplo), continuamos a ter a maioria (209 em 291 depósitos analisados) a garantir um retorno que permita pelo menos manter o poder de compra (isnto considerando a respetiva taxa anualizada de cada depósito). É pelo menos isto que se apura da análise da nossa base de dados com cerca de 300 depósitos a prazo correntemente em oferta pelos 19 bancos a operar em Portugal que vamos acompanhando.

Assim, apesar das taxas de juro nominais continuarem em queda moderada, não deixa de ser irónico que cada vez seja mais difícil encontrar um depósitos a prazo no qual a taxa real seja negativa e que nos leve a perder dinheiro quando medido pela capacidade de poder de compra. O facto é que, as taxas de juro parecem continuar a cair a um ritmo mais lento do que os preços no consumidor. Assim sendo, o retorno real dos aforradores tem vindo ainda a aumentar.