Qual a atual relação das taxas de juro dos depósitos e a inflação? Neste início de 2014 é difícil encontrar um depósito a prazo que não consiga, pelo menos, garantir que o aforrador mantenha o poder de compra. Sabe-se agora que a inflação em 2013 terminou nos 0,27%, ou seja, ao longo do ano, o cabaz de compras médio analisado pelo INE aumentou de custo em 27 cêntimos por cada €100. Praticamente não houve inflação em 2013. Por outras palavras, neste cabaz teórico, os aumentos de algumas classes de produtos e serviços foram quase integralmente compensados pelas descidas em outros. E para 2014 as previsões apontam para uma inflação muito baixa, inferior a 1%.
Ora se tomarmos por referênia a inflação agora apurada de 0,27% e confrontarmos essa medida da desvalorização do dinheiro com as taxas de juro que hoje se obtêm na generalidade dos depósitos, constata-se que muito poucos (22 em 291 depósitos) remuneram abaixo dos 0,375% (ou seja, dos 0,27% da inflação mais a taxa liberatória de IRS – 28% – que recai sobre os juros).
E mesmo assumindo que os preços cresçam, em 2014, os 0,8% agora previstos (pelo Banco de Portugal, por exemplo), continuamos a ter a maioria (209 em 291 depósitos analisados) a garantir um retorno que permita pelo menos manter o poder de compra (isnto considerando a respetiva taxa anualizada de cada depósito). É pelo menos isto que se apura da análise da nossa base de dados com cerca de 300 depósitos a prazo correntemente em oferta pelos 19 bancos a operar em Portugal que vamos acompanhando.
Assim, apesar das taxas de juro nominais continuarem em queda moderada, não deixa de ser irónico que cada vez seja mais difícil encontrar um depósitos a prazo no qual a taxa real seja negativa e que nos leve a perder dinheiro quando medido pela capacidade de poder de compra. O facto é que, as taxas de juro parecem continuar a cair a um ritmo mais lento do que os preços no consumidor. Assim sendo, o retorno real dos aforradores tem vindo ainda a aumentar.