Entre novembro de 2013 e novembro de 2014, o montante em dívida por parte do Estado sob a forma de certificados de aforro aumentou em €1 872 milhões de euros. Por outro lado, no mesmo período, o montante em dívida por parte do Estado sob a forma de certificados do tesouro poupança mais aumentou em €2 852 milhões. No total esta forma de financiamento do Estado captou cerca de €4 724 milhões de euros ou um pouco menos do que isto dado que uma pequena fração deste valor em dívida em novembro de 2014 já se referirá a juros associados às subscrições feitas ao longo desse período.
Esta evolução sucedeu num contexto de queda sucessiva das taxas de juro dos depósitos a prazo e também da indexante dos certificados de aforro, tendo estes últimos visto o impacto dessa queda fortemente mitigado pelo prémio que têm incorporado na sua taxa de remuneração, em vigor, pelo menos, até ao final de 2016 (de 2,75 pontos percentuais). Outro aspetos relevante que terá contribuído para um maior poder de captação de poupança interna por parte destes instrumentos prender-se-á com a forte instabilidade do sector bancário português ao longo do ano, promotora de uma muito relevante fuga de capitais, em particular do antigo Banco Espírito Santo em favo de outros bancos mas também dos certificados do Estado português.
Tal como parece ter acontecido nos momentos de maior incerteza em torno da dívida soberana nacional, em 2014, os investidores residentes voltaram a confiar no setor financeiro local encontrando as soluções mais adequadas para reafetar o seu capital. Para já, sem prejuízo de alguma surpresa negativa que surja no horizonte financeiro mundial que, contudo, teria um impacto sistémico em todo o sector, nada faz supor que a atratibilidade dos certificados entre em crise, em particular face aos depósitos a prazo seus concorrentes diretos. Fica a nota de que a redução do IRS para instrumentos de poupança com pelo menos 5 anos e um dia e 8 anos e um dia poderá favorecer alguns depósitos a prazo já existentes no mercado e, provavelmente, outros que se venham a desenhar, quem sabe tornando os depósitos num investimento de médio e longo prazo mais concorrencial face aos certificados de aforo e do tesouro poupança mais.